História da Cidade de Navegantes
A história de Navegantes se entrelaça com as águas do Rio Itajaí-Açu e com o vasto Atlântico que se abre diante de sua costa. Antes da chegada dos colonizadores europeus, o território era transitado por povos indígenas que utilizavam o litoral e os rios para subsistência, deixando marcas de uma presença humana muito anterior à formação da cidade moderna. Foi a partir do século XIX que surgiram os primeiros registros de ocupação mais permanente, impulsionada principalmente pela pesca artesanal, pela navegação e pelo comércio fluvial.
A região começou a se desenvolver de forma mais intensa a partir da segunda metade do século XIX, quando pescadores e famílias vindas de localidades próximas, como Itajaí, Porto Belo e São Francisco do Sul, passaram a ocupar a faixa litorânea conhecida como “barra de Navegantes”. O nome faz referência àqueles que dependiam da habilidade de navegar para viver, explorar o mar e vencer a correnteza do rio — pessoas que encontraram na beira-mar o seu lugar de trabalho, fé e moradia.
No início do século XX, a construção da Capela de Nossa Senhora dos Navegantes consolidou um importante marco cultural e religioso. A devoção à santa, protetora dos pescadores, tornou-se símbolo da comunidade que se estruturava em torno das atividades marítimas. Ao mesmo tempo, a navegação entre Navegantes e Itajaí era parte essencial do cotidiano, realizada por pequenas embarcações que garantiam o ir e vir de mercadorias, trabalhadores e estudantes.
Nas décadas seguintes, o território experimentou transformações profundas. Entre os anos 1920 e 1940, as obras de construção e reforço dos molhes da barra redefiniram a relação com o rio e com o oceano, tornando a navegação mais segura e estimulando o crescimento econômico regional. A pesca, inicialmente artesanal, ganhou novas dimensões com a chegada de embarcações de maior porte e da indústria de beneficiamento do pescado.
A partir dos anos 1960, a urbanização acelerou-se com a abertura de novas vias, o surgimento de bairros estruturados e o avanço da construção civil. O turismo começou a se fortalecer, atraído pela extensa faixa de areia e pelo mar de ondas fortes. A Praia do Gravatá, assim como o Centro e o bairro São Pedro, passou a receber moradores sazonais e visitantes, contribuindo para o dinamismo comercial do município em formação.
No final do século XX, Navegantes consolidou-se como um importante polo logístico e aeroportuário, com o Aeroporto Internacional Ministro Victor Konder impulsionando novas perspectivas econômicas. O início dos anos 2000 marcou de vez a diversificação dos setores produtivos, especialmente com a instalação e expansão do terminal portuário privado Portonave, ampliando a inserção da cidade no cenário internacional do comércio marítimo.
Em 26 de agosto de 1962, Navegantes conquistou sua emancipação político-administrativa, tornando-se oficialmente município independente. Desde então, a cidade vive um contínuo processo de desenvolvimento urbano e populacional, sem perder o vínculo profundo com o mar, com a pesca, com a fé e com os modos de vida que moldaram sua identidade ao longo do tempo.
Hoje, Navegantes é reconhecida como uma cidade em constante transformação, onde antigas tradições convivem com novos projetos, vocações e desafios. A memória construída por seus moradores pescadores, trabalhadores das indústrias e serviços, artistas, comerciantes e famílias inteiras permanece como fundamento essencial para compreender o presente e inspirar o futuro. Entre o rio e o mar, Navegantes segue navegando sua própria história.




